"Ele era ruim e mais facilmente substituível". A consideração do apresentador Jô Soares sobre o ex-beatle Ringo Starr, dita durante entrevista com os integrantes da banda All You Need is Love na última semana, expôs uma vez mais o velho clichês do rock de que seria um músico "meia-boca" e o menos querido entre os quatro rapazes de Liverpool. Mas a série de shows que Richard Starkey (seu nome de batismo) inicia no Brasil na noite desta quinta-feira (10), em Porto Alegre, promete tirar do anonimato uma legião de fãs do músico, que se apressam em mostrar que o mais velho dos Fab Four foi uma figura essencial para o sucesso da banda.
"Essa mania de falar mal do Ringo é coisa que quem só vê qualidade no virtuosismo. Ringo é um baterista excepcional, um metrônomo ambulante. Não existe variação nem falhas de tempo nas músicas dos Beatles. O cara é um relógio", comenta o empresário capixaba Ricardo Martinelli, que também toca bateria numa banda cover dos Beatles. "E digo mais ainda: tem músicas da banda que dificilmente um artista virtuoso conseguiria reproduzir com as mesmas técnica e sentimento do Ringo".
Ricardo explica ainda os motivos que levam Ringo Starr a ser um pioneiro do rock. "É dele a ideia de colocar a bateria sobre um praticável, para dar mais destaque ao instrumento. Sua pegada reta, diferentemente do modo como tocam os bateristas de jazz, também foi invenção de Ringo", justifica o empresário de 32 anos.
Em 2008, Martinelli foi aos Estados Unidos exclusivamente para assistir a um show do ex-beatle — na época, Ringo excursionava para promover o álbum "Liverpool 8". Além da apresentação em si, a viagem acabou rendendo outra lembrança inesquecível.
"Ringo promoveu um concurso de fotografias através de seu site oficial. A melhor foto tirada de um show da turnê ganharia uma pele de bateria autografada por ele. Fui o vencedor. O mais legal é que o resultado foi divulgado pelo próprio Ringo, num vídeo publicado na internet", relembra.
A admiração por Starr é tanta que Ricardo comprou uma bateria idêntica à utilizada pelo músico britânico na época em que os Beatles ainda se apresentavam ao vivo. "A Ludwig lançou uma série especial em 2009, para celebrar os 100 anos da marca. Esta série reproduzia exatamente o kit que Ringo usava nos shows de 1965. As 100 primeiras unidades têm um selo comemorativo. A minha é uma dessas", conta orgulhoso o empresário, que vai assistir aos sete shows do ex-beatle no país por seis capitais brasileiras: "Coisa de fã mesmo, né?", brinca.
Beatle preferido
Quem também contraria todas as estatísticas relacionadas à admiração que cerca o grupo inglês é a atriz Liliana Castro. Aos 32 anos, ela conta que cresceu ouvindo os discos e, principalmente, assistindo aos filmes estrelados pelos Fab Four. Por conta disso, desenvolveu uma inusitada predileção.
"Ringo é meu beatle preferido desde que me dou por gente, sempre foi 'o cara'. Você pode gostar ou não do jeito que ele toca, mas é uma pessoa extremamente carismática. E, como ator, é hilário. Em 'Help' (segundo filme da banda) ele está sensacional. Enfim, sempre gostei demais dele. Chego a passar vergonha, às vezes", diz Liliana, que vai assistir à apresentação do ex-beatle no Rio, no próximo dia 15.
"Ver o Ringo é meio que um sonho que mantive a vida inteira. Então, a probabilidade de cair dura e ter um troço é grande. Mas espero que me controle e que nada aconteça", diverte-se a atriz, lembrando da tensão em que vivia quando morava em Londres: "Andava pelas ruas sempre com uma câmera. Ao mesmo tempo que queria muito cruzar com ele, tinha medo. Então eu andava e rezava".
Fatos levam a crer que Ringo tinha uma certa preferência também dentro do próprio grupo. Tido por John Lennon, Paul McCartney e George Harrison como o "melhor baterista de Liverpool", foi o último integrante a entrar para a banda. E, anos mais tarde, quando abandonou o conjunto depois de desentendimentos durante a gravação do "White album", foi convencido pelos companheiros a retornar apenas duas semanas depois.
"Ele vai muito além de ser o baterista dos Beatles. Ringo preenchia um outro canal: equilibrava forças. Nunca precisou ser o mais genial entre os quatro. Era simplesmente um cara agregador. Acho que as pessoas precisam disso. Ele era o cara que todo mundo queria bem. Tanto é que foi o único que manteve boas relações com ex-membros depois do fim da banda", destaca Liliana, lembrando que o baterista participou de shows e discos de John, George e Paul em carreira solo.
E sobre um hipotético encontro com o ídolo, de que modo agiriam os dois fãs brasileiros? "Gostaria apenas de agradecê-lo pelos serviços prestados à música. E tirar uma foto, para guardar de recordação", conta Ricardo. Liliana completa: "Tudo o que queria era abraçá-lo por uma meia hora. Isso me tornaria uma pessoa mais feliz", reconhece a atriz.
Banda e repertório
Além do show desta quinta no Ginásio do Gigantinho, na capital gaúcha, Ringo Starr vai tocar com sua All Starr Band nos dias 12 e 13 de novembro no Credicard Hall, em São Paulo; 15 de novembro no Citibank Hall, no Rio; 16 de novembro no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte; 18 de novembro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília; e se despede dos palcos brasileiros dia 20, no Chevrolet Hall de Recife.
Além do show desta quinta no Ginásio do Gigantinho, na capital gaúcha, Ringo Starr vai tocar com sua All Starr Band nos dias 12 e 13 de novembro no Credicard Hall, em São Paulo; 15 de novembro no Citibank Hall, no Rio; 16 de novembro no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte; 18 de novembro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília; e se despede dos palcos brasileiros dia 20, no Chevrolet Hall de Recife.
Formada no ano passado, a atual formação da All Starr Band conta com Rick Derringer (guitarra), Wally Palmar (guitarra; ex-The Romantics), Edgar Winter (teclado; irmão do guitarrista Johnny Winter), Gary Wright (teclado; ex-Spooky Tooth), Richard Page (baixo; ex-Mr. Mister), Mark Rivera (saxofone) e Gregg Bissonette (bateria)
.1- "It don’t come easy"
2- "Honey don’t"
3- "Choose love"
4- "Hang on sloopy"
5- "Free ride"
6- "Talking in your sleep"
7- "I wanna be your man"
8- "Dream weaver"
9- "Kyrie"
10- "The other side of liverpool"
11- "Yellow submarine"
12- "Frankenstein"
13- "Peace dream"
14- "Back off Boogaloo"
15- "What I like about you"
16- "Rock and roll, hoochie koo"
17- "Boys"
18- "Love is alive"
19- "Broken wings"
20- "Photograph"
21- "Act naturally"
22- "With a little help from my friends"
23- "Give peace a chance"
Porto Alegre
Data: 10 de novembro
Local: Ginásio do Gigantinho (Av. Beira-Rio, s/n)
Ingressos: de R$ 150 a R$ 300
São Paulo
Data: 12 e 13 de novembro
Local: Credicard Hall (Avenida das Nacões Unidas, 17955)
Ingressos: de R$ 130 a R$ 700
Rio de Janeiro
Data: 15 de novembro
Local: Citibank Hall (Av. Ayrton Senna, 3000)
Ingressos: de R$ 200 a R$ 500
Belo Horizonte
Data: 16 de novembro
Local: Chevrolet Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230)
Ingressos: de R$ 160 a R$ 240
Brasília
Data: 18 de novembro
Local: Centro de Convenções Ulisses Guimarães (SDC - Setor de Divulgação Cultural - Eixo Monumental)
Ingressos: de R$ 300 a R$ 1000
Recife
Data: 20 de novembro
Local: Chevrolet Hall (Rua Agamenon Magalhães, s/n)
Ingressos: de R$ 180 a R$ 2000
Source:http://g1.globo.com
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